domingo, 21 de novembro de 2010

Não dá Mais

-Amor, o que significa isso? – Ela disse, levantando uma garrafa vazia. Seu rosto era lindo, delicado, ela sempre me cativou.

Eu fingi que não sabia do que ela estava falando.

-Querido... Por favor... – Sua boca delicada sussurrava as palavras com dor. Ela parecia não gostar daquilo, e isso me fazia sofrer. Eu não gostava de vê-la com dor. Eu a amava mais que tudo no mundo. Ela continuou falando:
-Você se lembra daquele fim de semana que passamos só nos dois, juntos? Naquela cabana na praia, sem ninguém por perto?
-Sim... Aquela cabana que não tinha água nem luz.
-Mas a falta de água ou luz não tornou o nosso fim de semana ruim, pelo contrário... Foi muito bom, não se lembra? Nós apreciávamos os momentos simples... Eu ficava entre os seus braços, abraçando a sua barriga... E nós ficávamos vendo o pôr-do-sol...
-Sim. Foi muito gostoso mesmo... A água da praia era clara...
-Azul claro... E nós ficávamos vendo os peixes passando entre nossos pés...
-E foi em um momento desses que eu te beijei.
-É verdade... Eu amei aquele beijo... Doce, suave... Não havia nada que eu trocaria por estar lá.
-Eu também gostei daquele momento. Você estava sorrindo, e ver você sorrir é o meu maior prazer. Aquele fim de semana foi como um filme...
-Não. Como um filme não. Filmes não expressariam tudo o que nós sentimos um pelo outro. E filmes têm finais, às vezes felizes, às vezes tristes. E eu não quero que nosso relacionamento tenha um final... Eu só quero viver ao seu lado.
-Amor, você é linda. Eu te amo...
-Eu também te amo, querido, mas...
-Mas o quê? Você não está satisfeita?

Ela franziu as sobrancelhas. Parecia que ela ia chorar. Eu peguei no rosto dela com as minhas duas mãos. Os olhos dela estavam apertados e úmidos ao olhar para mim. Parecia que ela estava tímida, que queria se afastar de mim.
-É que nosso relacionamento tem se tornado muito difícil.

Ao ouvir suas palavras, minha cabeça doeu. Ela já estava doendo, mas ficou pior ainda. E eu também estava com tontura. Ela ergueu novamente a garrafa vazia e olhou para mim, mordendo os lábios, com o braço que não pegava a garrafa segurando o cotovelo oposto. Seus olhos ficavam cada vez mais úmidos.

-Você se lembra o que fez ontem à noite?
-Amor, nós já brigamos tanto por causa disso... Deixa isso pra lá...
-Eu não posso deixar isso pra lá – Sua voz era de choro – Eu não consigo deixar isso pra lá. Ontem a note você veio com os seus amigos para o nosso apartamento. Você bebeu com eles até perder o controle. Você não sabe como eu sofro de ver você urinando no guardarroupa, falando que não me conhece, caindo no chão de bêbado.
-Mas, querida... Eu não posso deixar os meus amigos...
-Verdade, mas você não precisava beber. Você tem sugado a minha felicidade ficando bêbado... Ontem à noite mesmo, você saiu com os seus colegas e ficou encoxando uma mulher que estava parada no ponto de ônibus... Você sabe como eu sofro por tudo isso?
-Sim, amor, mas se eu não beber, o que eu vou fazer com os meus amigos? Eles só fazem isso... Eu vou ficar sóbrio e só assistir a eles loucos?
-Mas eu assisto a você louco todos os fins de semana... E eu te amo, mais do que você ama aos seus colegas... E isso me faz muito mal – Ela disse, derrubando uma lágrima que escorregou por todo o seu rosto e caiu no chão. Eu queria morrer. Eu estava a fazendo sofrer, muito, e isso me flagelava mais do que qualquer coisa. Mas eu também não podia mudar o meu eu por ela. Eu sou assim. E eu quero ser assim.
-Querida, sinto muito... Mas eu não posso me mudar. E eu não vou deixar os meus amigos.
-Eu entendo você... Mas acho que você não entende o meu sofrimento.
-E o que você quer que aconteça, então?
-Sinto muito, mas não dá mais. Eu sofro muito de ficar longe de você, mas tenho sofrido mais ainda por vê-lo fazer tudo o que você tem feito. Eu acho que os tempos de felicidade do nosso relacionamento já passaram, assim como o nosso fim de semana naquela cabana. Eu não quero mais ficar ao seu lado.

Ela começou a chorar alto.
-Querida, por favor, eu faço o que você quiser...
-Você vai mudar o seu comportamento a respeito do álcool? – Ela perguntou, entre soluços.
-Vou tentar...
-Sinto muito, mas só tentar não basta. Eu precisava que você mudasse. Não dá mais para continuarmos juntos assim.

sábado, 6 de novembro de 2010

As Duas Faces do Amor Incondicional

Minha primeira postagem que não é um texto. Para ver melhor, clique na imagem:
Os personagens não existem, são fakes.