terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Um náufrago em meio à tempestade

Às vezes eu sinto como se o mundo fosse cinza. Não de uma forma melancólica, viver lá tem os seus prazeres. Mas eu sinto uma certa indiferença por tudo. Não me sinto empolgado com grandes vitórias, e as coisas boas são só "ok". Da mesma forma, minha reação às grandes perdas é somente "fazer o quê?". Afinal, tudo é temporário, tudo o que é bom e também tudo o que é mau.
Às vezes eu tenho a impressão de que eu estou à deriva no mundo. Como se a vida fosse um náufrago em meio à tempestade agarrado aos destroços de seu navio. Posso até lutar, e vou conseguir nadar um pouco, mas jamais vou sair da tempestade por esforço próprio. No final, viver não é como uma missão de um herói nos filmes, em que eu mudo o mundo ao meu redor para alcançar meus objetivos. Pelo contrário, meus objetivos têm que se adequar aos destroços que sobraram para a minha vida, para não se tornarem um grande mar de frustrações.
Às vezes fico pensando se vale a pena ficar traçando objetivos e tentando chegar a algum lugar. Simplesmente não me parece sensato ficar me preocupando com grandes sonhos que nunca vou realizar e que eu logo esquecerei. Me parece melhor somente viver, levando adiante aquilo que eu já tenho. Afinal, olhando para trás, quantas foram as vezes que eu fantasiei algo que estava longe demais das minhas capacidades para que eu pudesse alcançar?
Não me interprete mal: não estou falando das nossas lutas do dia a dia, como o esforço extra a gente faz e os riscos que corremos para ganhar um dinheiro extra. É lógico que ter objetivos e tentar ter uma vida melhor é importante. Mas até onde essa luta é justificável, e a partir de que ponto ela se torna somente fantasia? Porque, sinceramente, mentiu quem disse que "quem acredita sempre alcança". Existem sonhos que são inatingíveis independentemente do quanto se esforce. A grande questão é: como as pessoas fazem para lidar com isso? Para saberem até onde o seu esforço é justificável e a partir de que ponto ele se torna vão?