segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nem por um Momento

Fazia tempo que eu não falava com Ela. Lembro-me de quando passávamos quase todos os dias juntos. Foi uma época muito boa. Pena que chegou ao fim. Eu ficava tardes inteiras com ela, a afagando, a abraçando, a beijando. Ainda me lembro do calor de seu corpo, o cheiro de seus cabelos, me lembro da sua voz fina e delicada, sussurrando palavras excitantes em meus ouvidos. Lembro-me das tardes que passávamos juntos, deitados na relva dos pastos, quando ainda íamos juntos para a fazenda dos pais dela. A última vez que fizemos isso, o vento soprava em nossos cabelos e os pássaros assoviavam. O céu estava azul com poucas nuvens. Eu peguei um ramo de girassol de um tufo e entreguei a ela.

Bons tempos. Às vezes sinto saudades dela. A forma como ela pegava em minha barriga, como chupava os meus lábios. Lembro-me de seu corpo perfeito. Muitos não achavam, mas eu achava. Ela era inteira perfeita para mim. Não era cheia de qualidades, mas era ela com quem eu queria passar a vida para escrever a minha história de amor. Ela somente era tudo o que eu queria.

Pena que não nos vemos mais. Cansei-me dela. Os hábitos dela me irritavam. Brigávamos muito. Ela era ciumenta, nunca me deixava sair sem ela. Eu estava perdendo os amigos, a família. Eu não estava mais vivendo por mim mesmo, estava vivendo por ela. Ela se entregava totalmente a mim, mas eu não queria isso. Eu queria que fôssemos independentes, que cada um fizesse o que quisesse. E não era isso que estava acontecendo. Estávamos presos um ao outro. Como se tivessem passado cola Super Bonder em nós. Isso me torturava. Eu tive que deixá-la, para o bem de nós dois.

Desde lá, até que tenho passado bem. Já arranjei outras garotas. Só que, nenhuma delas eu amei tanto quanto ela. Voltei a sair quando eu quero e com quem eu quero, sem estar preso a ela fisicamente. Mas continuo preso a ela em pensamentos: Onde quer que eu vá, vejo algo que me lembra dela. Lembro das coisas boas que fizemos juntos, dos sentimentos que tivemos um pelo outro, das nossas transas inesquecíveis. Mas não suporto o sentimento de falta de liberdade de quando eu ainda estava com ela. A total dependência que tínhamos um do outro. Isso era terrível. Tenho certeza que estamos melhor agora.

Ontem passei pela primeira vez na frente da casa dela, desde que nos separamos, e a avistei. Seus olhos se arregalaram e brilharam quando ela me viu. Ela estava debruçada sobre a janela com um vaso azul entre os braços. E dentro do vaso, estava o girassol da última vez que nos vimos. É lógico que, com o tempo, ele murchou. Mas ela ainda o guardava. Eu tentei passar reto. Ignorá-la. Mas não consegui. Perguntei por que ela ainda guardava aquela flor.

“Ela praticamente morreu, mas é tão importante para mim, me lembra de tantas coisas boas, que eu não parei de tentar revivê-la nem por um momento”

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