domingo, 18 de julho de 2010

O Príncipe na Armadura Reluzente

O jardim do castelo de meus pais é lindo. Ele é cheio de flores de todas as cores, que deixam seu doce perfume no ar. A luz do sol penetra por entre as copas das árvores, aquecendo minha pele. Eu sentada em uma escada de mármore, na passagem que leva do portão da muralha à entrada do castelo. Escutava o vento balançando as árvores e os pássaros assoviando encantadoras melodias. De vez em quando dava para ouvir vozes de súditos discutindo alguma coisa no pátio, e, ao fundo, uma voz grave gritando ordens. E também, o som de... Um cavalo relinchando. Em dias normais, não era para haver cavalos dentro dos muros do castelo. Isso só podia significar uma coisa. O príncipe havia chegado.

Levantei as várias camadas do meu vestido azul e saí correndo o mais rápido que pude – ainda assim a passos curtos – para encontrá-lo. Deparei-me com ele, ainda passando pelo portão da muralha, montado sobre seu cavalo, um Puro Sangue Árabe de cor negra. Ele estava usando uma armadura prateada que reluzia à luz do sol. Por mais que ele usasse elmo e eu não pudesse ver seu rosto, eu sabia que era ele, o meu príncipe encantado. Ele falava com um soldado do portão, até que se voltou a mim. Ao me perceber, ficou estático. Então ele levou as mãos à cabeça, retirou o elmo e balançou seus longos cabelos loiros ao vento. Ele estava mais lindo do que nunca. Seu queixo fino, seu rosto triangular, seus olhos profundos e seu nariz delicado, todos seus traços de bebê continuavam explícitos depois de anos.

Ele levantou a mão direita para mim e disse:
-Saudações, princesa. Cada vez que te vejo, está mais bela do que antes. Se não for incômodo agora, eu gostaria de dar uma volta pelo reino contigo.
-Mas agora, sem avisar mamãe e papai? – Minhas palavras com que ele recuasse um pouco.
-Se não for incômodo, é lógico – Ele disse, abaixando a cabeça, e seus olhos fixos em mim, me olhando com um sorriso travesso.
-É lógico que eu aceito.
Eu sorri. Não queria dar esse furo com o príncipe da minha vida.
-Que bom.
Então eu peguei sua mão e ele me puxou para a parte de trás do cavalo. Ele colocou o elmo novamente, deu uma meia volta com seu Puro Sangue Árabe, fez um sinal para o guarda e puxou as rédeas.

Fora do castelo, o cavalo corria a máxima velocidade. Eu me segurava na parte estreita da armadura do príncipe, na altura da barriga, para não ser jogada para o lado pelo sacolejo do cavalo. Meu cabelo voava ao vento e meus olhos se cerravam ao serem machucados pelo vento. O príncipe se mantinha ereto sobre o cavalo. Diferente de mim, ele pouco balançava. Passamos por toda a parte rural do reino, as casinhas de pedra e madeira dos plebeus, as grandes plantações coloridas que geravam alimento para toda a população. Chegamos aos limites entre a área habitada e a floresta. Ele continuou conduzindo o cavalo pela estrada de terra entre as árvores do bosque. Acabamos saindo do caminho principal, pegando uma trilha quase imperceptível no meio da vegetação. Ele parou o cavalo em frente a uma casinha de madeira no meio do nada. A clareira onde nos encontrávamos era limpa e cheia de flores. A luz do sol penetrava por entre as copas das altas árvores que nos cercavam. O ar era fresco, era gostoso respirar ali. Não era possível ouvir nenhum som, fora os da natureza: a civilização estava longe.

Ele desceu do cavalo, e depois me ajudou a fazer o mesmo. Estávamos um de frente para o outro quando ele tirou o elmo e pegou em meu queixo, aproximando nossas faces. Ele disse “Eu te amo, te amo muito”, e eu respondi “Eu também”, antes dele pegar em minha nuca e começar a me beijar. Eu também tentei pegar em sua nuca, mas a armadura me atrapalhou. Ele deu alguns passos para trás e desprendeu as cintas que firmavam a armadura, deixando-a cair no chão e mostrando uma cota de malha. Depois, tirou também a cota, revelando um corpo definido, forte, digno de um príncipe dos sonhos.

Ele disse:
-Amo-te demais. Vejo-te todas as noites em meus sonhos. Por muito tempo, fiquei contando os segundos para te ver novamente. Não sei o que faria se não tivesse o teu amor.
Fiquei sem o que responder. Não me vinha à mente nada o que eu pudesse falar. Aproximei-me dele, com o intuído de dar-lhe um beijo. Eu não poderia estragar o clima naquele momento. Mas minha insegurança não me permitiu encostar meus lábios nos dele.

Minha sorte que ele fez isso por mim. Ele me pegou de uma maneira difícil de descrever. Senti-me como se fosse posse dele. Ele levou as mãos nas partes mais sensuais do meu corpo. Ergueu meu vestido. Foi me levando para dentro da pequena casinha. Eu tive uma sensação estranha, mas não podia furar com ele. Ele sabia o que estava fazendo. E nós nos amávamos. Se alguma coisa fosse acontecer lá, já estava na hora.

Enquanto nos beijávamos, ele tirou a parte inferior da armadura, e depois a parte inferior da cota de malha, ficando somente com sua roupa íntima. Eu me deixei cair sobre a cama que havia lá. Ele foi colocando as mãos nas minhas coxas e erguendo meu vestido, até eu me encontrar inteiramente nua, e ele também. E aí rolou.

Eu me sentia nas nuvens. Estava plenamente satisfeita. Meu coração se enchia de amor e de prazer. Ele era tudo para mim. Meu príncipe da armadura reluzente. Minha fortaleza. Meu amor.

Quando tudo estava acabado, e meus pensamentos tinham se organizado novamente, eu estava deitada na cama. Vi a mancha de sangue sobre o lençol. Eu não era mais virgem. Mas pelo menos fiz isso com alguém que, naquela hora, eu tinha certeza que me amava.

Então olhei pela janela e vi o meu príncipe lá fora, já com a armadura vestida.

Ele disse “Meio bobinha, mas deu pro gasto” antes de montar no cavalo e ir embora, me deixando sozinha lá.

Um comentário:

  1. Roods... Sinceramente eu preferia postar um comment... no texto anterior a este... mais como eu só fiquei conhecendo o blog agora... então nada mais justo... o texto ficou lindo! passarei por aqui sempre que me for possivel... beijos Lady

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