Do lado de dentro do arco-íris, ela era perfeita.
Inocente, apaixonada, um tanto quanto insegura. De primeira, seus olhos
brilhavam a me ver, como os olhos de uma criança brilham a assistir um grande
espetáculo no circo. Sua doce voz era a mais doce melodia, que tanto me regozijava
escutar. A alegria que ela esbanjava era a geratriz da força que fazia meu
coração pulsar mais intensamente a cada vez que eu via o seu sorriso.
Do lado de fora do arco-íris, ela se tornou alguém
totalmente diferente. Sua alegria pela minha imagem se tornou aversão ao
espelho. Sua beleza natural foi se esvanecendo atrás de pós e tintas. Suas
dúvidas inocentes transformaram-se em certezas incoerentes.
Do lado de fora do arco-íris, ela era alguém totalmente
diferente daquilo que eu imaginava.
Eu rompi. Foi doloroso, mas eu a estava traindo. Estava
traindo a garota meiga que eu conhecia com a garota (não) sensual que ela era.
Eu a amava. Mas ela não era real.
As saudades e o arrependimento tornavam o meu coração
pedaços. Eu voltei atrás. Tentei pedir perdão, mas quem devia me perdoar não
estava lá. Tudo o que escutei foram acusações de alguém a quem eu não devia
nada.
Toda vez que eu procurava a de dentro, encontrava a de
fora. Afinal, a de dentro não existe.
Ela não é real. Eu não posso torna-la real.
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