quinta-feira, 19 de julho de 2012

Asas de Ouro

Ela não é real. Eu não posso torna-la real.

Do lado de dentro do arco-íris, ela era perfeita. Inocente, apaixonada, um tanto quanto insegura. De primeira, seus olhos brilhavam a me ver, como os olhos de uma criança brilham a assistir um grande espetáculo no circo. Sua doce voz era a mais doce melodia, que tanto me regozijava escutar. A alegria que ela esbanjava era a geratriz da força que fazia meu coração pulsar mais intensamente a cada vez que eu via o seu sorriso.

E nós fomos nos conhecendo cada vez melhor. E ela foi se tornando cada vez mais importante para mim. Até o momento em que tudo o que eu fazia, fazia pensando nela. E com o tempo, meus olhos começaram a enxerga-la melhor, e os dela, a mim.

Do lado de fora do arco-íris, ela se tornou alguém totalmente diferente. Sua alegria pela minha imagem se tornou aversão ao espelho. Sua beleza natural foi se esvanecendo atrás de pós e tintas. Suas dúvidas inocentes transformaram-se em certezas incoerentes.

Do lado de fora do arco-íris, ela era alguém totalmente diferente daquilo que eu imaginava.

Eu rompi. Foi doloroso, mas eu a estava traindo. Estava traindo a garota meiga que eu conhecia com a garota (não) sensual que ela era. Eu a amava. Mas ela não era real.

As saudades e o arrependimento tornavam o meu coração pedaços. Eu voltei atrás. Tentei pedir perdão, mas quem devia me perdoar não estava lá. Tudo o que escutei foram acusações de alguém a quem eu não devia nada.

Toda vez que eu procurava a de dentro, encontrava a de fora. Afinal, a de dentro não existe.

Ela não é real. Eu não posso torna-la real.

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