quinta-feira, 22 de março de 2012

Lar


Paredes rachadas, tinta descascando. Janelas quebradas, mato e sujeira tomando conta de tudo. Esse é o meu lar.

É, o meu vizinho é organizado. Ele tem um gramado verde. Suas paredes estão bem pintadas, e suas janelas inteiras. Eu nunca entrei para ver como é por dentro, mas acredito que não seja pior do que o meu lar.

Pior? Meu lar é ruim?

É como eu estou acostumado. É como ele me completa. Talvez, se fosse bonito, eu daria um jeito de destruir tudo.

Porque na verdade, quem deixou meu lar assim fui eu mesmo. Eu e minha marreta de ferro.

Não sei se você sabe, mas é bom destruir as coisas. É aliviante. Você sentir todo o peso do cilindro de ferro voando por cima da sua cabeça e acertando em cheio alguma coisa bonita. Você não se sente novo, mas se sente conformado. Ao invés de fugir do ruim, você gera o ruim.

Talvez seja incômodo viver em um lar que esteja aos pedaços. Mas eu sei que a marretada que destrói minha parede emite um som que perturba o meu vizinho.

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