quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Um Resumo

Tem merda voando por todo lado. Merda me acertando por todo lado. Rastejando e babando, como se diz, balançando sem sentido. Olha para o céu, abismo. Pare de estalar os dedos, eles estão doendo. Infinito: Um ataque do coração. Tudo caindo ao seu redor, nada mais fica em seu lugar, nada mais fica parado. Aquele espinho enterrado no dedo! O canto da unha sangrando. Lama nos joelhos, escorrendo entre os dedos. O telefone está tocando. E o coração... A gota gelada escorrendo pelas costas. Aquele suspiro que faz o peito doer. O dedo queimado, com a bolha em sua ponta. Friccionando o dedo sem pele, sensível, no outro dedo. A água está fervendo, o bule apitando. E a sirene dos bombeiros lá longe: Alguém está morrendo. Dentro da geladeira. Aquela pedra de gelo. Dedos duros, congelados. E o ponteiro dos segundos não para e não passa. A luz queimando os olhos logo que você sai de casa. A frieira, a unha encravada, a fratura exposta. A lâmpada queimou, a comida estragou (cheiro de podre). Aquela casca preta, amarga, de comida queimada: você vai ter que comer. A boca seca, logo cedo. Vômito por todo lado. E esse cheiro ruim não passa, está impregnado no seu rosto. Você está imundo.


Versão antiga:

Tem merda voando por todo lado. Merda me acertando por todo lado. Rastejando e babando, é lindo. Balançando sem sentido, sentindo esse nada. Lamber o asfalto. Gosto de vitória. Cheiro de carniça. Repolho, couve, ovos, tudo podre. O cachorro negro logo atrás. Olha para o céu, abismo. Choque elétrico, ininterrupto, imortal. Pare de estalar os dedos, eles estão doendo. Infinito: Um ataque do coração. Há pratos que caem da prateleira, dilacerando. Aquele espinho que ficou preso no seu dedo. Puxar a pele do canto da unha. Até sangrar. Lama nos joelhos, escorrendo entre os dedos. O telefone está tocando. E o coração batendo. Batendo. Batendo. Mentindo. Arrepios no frio. Aquela gota gelada escorrendo pelas costas. Aquele suspiro que faz o peito doer. Pare de roer a unha. Queimou o dedo na panela quente. Pegou a agulha, e a água vaza de dentro da bolha. Friccionando a pele queimada, sensível, no outro dedo. Bocejando, que soninho! Espreguiçar e bocejar. A água está fervendo, o bule apitando. E a sirene dos bombeiros lá longe: Alguém está morrendo. E você vivendo. E o seu coração, batendo. Dentro da geladeira. Aquela pedra de gelo. Dedos duros, congelados. E o ponteiro dos segundos não para e não passa. Imagine aquela pessoa derrubando a mesa, tudo que tinha em cima quebrando no chão. A luz queimando os olhos logo que você sai de casa. A frieira, a unha encravada, a fratura exposta. A lâmpada queimou, a comida queimou. Aquela casca preta, amarga, você vai ter que comer. A boca seca, logo cedo, ressaca. Vômito por todo lado. E esse cheiro ruim não passa, está impregnado no seu rosto. É uma fonte de miséria. Olha como esse mundo é lindo.